sábado, 19 de junho de 2010

A JABULANI

A meu ver, Júlio César e todos os que vêm criticando a performance da bola da copa, a Jabulani, estão cobertos de razão. Não tenho dúvidas de que, quem desenvolveu a danada nunca jogou futebol; ou, se jogou, deve ter sido medíocre.

A única função da nova bola é a de satisfazer o desejo dos organizadores da copa, no sentido de proporcionar mais dificuldade para os goleiros e, assim, fazer com que as partidas tenham mais gols (devem ter se inspirado nos campeonatos de soccer norte-americano, onde as partidas não podiam terminar empatadas).

Não é por outra razão que a criatura fica bastante nervosa, depois de chutada, e faz curvas antes só vistas em chutes de batedores fenomenais, como Nelinho, Éder e Marcelinho Carioca.

Agora, qualquer um que arriscar um chute meia bomba poderá ser considerado um craque, porque o efeito da bola dificultará as defesas. Já vimos isso nos primeiros jogos (A culpa foi dos goleiros, certo? Só porque não são goleiros estrelados. Quero ver quando os melhores começarem a tomar os seus franguinhos, aí vão falar da bola...).

Outro detalhe da ligeira é, justamente, a velocidade e altura que toma depois de bater no gramado. A ilustração é a mesma de um jogo de tênis em Wimbledon (saque e rede), se comparado com um praticado em Roland Garros. Neste, efetivamente, há um jogo de tênis. No piso de grama, por outro lado, o jogo se resume a um massacre de quem ataca, contra a inevitável passividade de quem, do outro lado, não tem muito o que fazer, a não ser esperar por sua vez de sacar, já que a velocidade da bola torna quase impossível uma boa defesa .

Há pouco, no primeiro gol da Austrália x Gana, o feito se repetiu: o cobrador da falta (o pessoal já descobriu o macete!), no estilo Marcelinho Carioca, chutou forte, mas curto, para que a bola batesse antes no chão. O resultado foi desastroso! Depois de quicar no chão, a bola espirrou (parecia uma tainha – aquela pedra que, atirada sobre a superfície da água [lago, rio ou mar], dispara em outros saltos sequenciais – é lindo!) e o goleiro, que tentou, desesperadamente, segurá-la, bateu roupa nos pés do atacante australiano.

Essa face da Jabulani é tudo o que os organizadores sonharam: muitos gols por partida. O que não previram (por não conhecerem do riscado) foi o efeito colateral, para os atacantes. Já perceberam o número de gols feitos que têm sido perdidos? Chutes perfeitos, bola na direção certa e, de repente, aquele (aí indesejável) efeito, tirando a bola do seu rumo e a colocando pra fora, para alívio dos goleiros e decepção dos batedores e da torcida.

Resultado: como o número de gols perdidos tem sido muito maior do que o de frangos e perus engolidos, esta é a copa com a menor média de gols de todos os tempos.

É o que dá colocar cientista e dirigente de entidade pra cuidar do que não entendem...

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