terça-feira, 19 de janeiro de 2010

AI DE TI, HAITI

Ai de ti, Haiti!
Ai de nós, que a ti vemos assim
Sob escombros, sob a terra
Sobre a miséria
Mais miserável que antes

Haiti, de quem é a culpa?
Certamente não é do cônsul infeliz
Que revelou um infeliz pensamento
Mas não fez tremer a terra
Nem alimentou a guerra
Que lhe “despreparou” para o pior

Ai de ti, Haiti!
Que vê corroída a sua estrutura
E agora não tem nem sepultura
E os seus mortos queima a céu aberto
Sem cerimônia, sem tempo e sem dó
Chega mesmo a dar um nó, no meu peito
Quando penso em você, desse jeito

Haiti, cadê os seus malfeitores
Que lhe tiraram o colo
E lhe jogaram no abismo, num voo solo
Sem pára-quedas, e longe do chão
Pra viver essa vida-de-cão
Um dia a menos a cada dia

Ai de ti, Haiti!
Porque os que agora lhe olham
Há muito não lhe veem
É como se não houvesse ninguém
Aterrado numa miséria quase linear

Haiti, por mais que eu escreva
Não dá pra dizer tudo o que sinto
É como se as palavras ficassem caladas
Por também estarem soterradas
Em busca de algum socorro
Mas se não escrevo, também morro
De dor, de horror, de solidão

Ai de ti, Haiti!
Pois não alcanço o seu sofrimento
Por isso lanço esse lamento
Pedindo a Deus que lhe console
Do peso da terra, do medo da guerra
Da vida que encerra
O que nem começou...

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